quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Matéria - Breve Estudo sobre o Aguapé

BREVE ESTUDO SOBRE O AGUAPÉ

Nome científico: Eichhornia crassipes (Mart.) Solms Família: Pontederiaceae. Sinônimos botânicos: Outros nomes populares: aguapé-de-flor-roxa, baroneza, camalote, dama-do-lago, jacinto-d'água, murerê, mureru, muriru, murumuru, mururé-de-canudo, orelha-de-veado, orquídea-d'água, parecí, pavoã, rainha-dos-lagos. Constituintes químicos: minerais da planta (1% do peso verde da planta): 28,7% de potassa, 21% de cloro, 12% de cal, 7% de anidrido fosfórico, 1,8% de soda, 1,28% de nitrogênio e 0,59% de magnésio. Planta originária do Brasil , foi introduzida em diversos países do mundo, primeiramente em virtude da beleza de suas flores . Esta espécie possui assustador poder de proliferação . Em ambientes propícios pode aumentar sua biomassa na taxa de 5% ao dia. Para se ter uma idéia do crescimento da mesma, foi estimado que o Canal do Panamá ficaria totalmente obstruído em apenas 3 anos , se não fossem tomadas medidas relativas ao controle do aguapé . Esta planta possui um poder de germinação tão grande que se retirada completamente de um lago, bastará a presença de luz atravessando a lâmina d'água até o fundo do lago, onde encontram-se sementes submersas, para que outras plantas brotem . Não tolera salinidade e suas folhas também são sensíveis às geadas . Em países como a Índia, esta planta invade plantações de arroz, impedindo o seu crescimento. Os pequenos agricultores no entanto, aprenderam a usar o inimigo como fonte de energia, combustível e fertilizante . Para isto utilizam todo o excesso de aguapé produzido em biodigestores caseiros que produzem gás metano que pode alimentar geradores que produzem energia elétrica, extraindo também fertilizantes naturais derivados dos resíduos deste processo . Na África foi levada primeiramente para o Congo, por um missionário para enfeitar seu laguinho de jardim . Estas plantas, no entanto escaparam para Rio Congo e chegaram ao Nilo... em algumas partes do Sudão, esta planta reproduziu-se tanto que impediu a navegação. Nos EUA tentaram errádica-lo através do uso de arsênico, o que foi uma péssima idéia, pois acabou causando a mortandade de diversos animais domésticos, devido ao envenenamento da Cadeia Alimentar.


Pela sua grande capacidade de absorção de nutrientes, possui grande utilidade na despoluição de esgotos .... Suas folhas são rígidas e brilhantes, com cutícula espessa e repelente à água e ficam reunidas em rosetas. A base das folhas geralmente parece uma pequena bóia . As rosetas multiplicam-se através de estolões. Raízes numerosas com coifas bem desenvolvidas. Flores belíssimas apresentando grandes inflorescências. Essas flores apresentam um fenômeno bastante raro em plantas conhecido como tristilia. Neste fenômeno, verificam-se basicamente três tipos de plantas, cada uma com um tipo de flor . Estas flores têm seus estâmes e estiletes em 3 alturas diferentes. Quando as abelhas visitam estas flores, seu corpo acaba tocando em partes diferentes da planta, ora sujando-se de pólen e ora conduzindo este pólen para outra planta e recebendo outro . Tudo isso é um artifício encontrado pela natureza para fazer a polinização cruzada .

O aguapé também apresenta considerável importância em lagos de jardim , pois serve de local para a desova dos peixes de água fria (kinguios e carpas), de refúgio para os alevinos, evita a luz direta do sol sobre a lâmina, não permitindo assim que a água fique extremamente esverdeada , tendo em vista que absorve a luz na superfície , absorve também, através de suas raízes, os nitratos e fosfatos sempre presentes em águas eutrofizadas, competindo diretamente com as algas pela absorção destes nutrientes, possuindo ainda propriedades filtrantes, bastando para isto erguer um aguapé e notar a grande quantidade de detritos em suspensão que ele literalmente "segura" em suas raízes, além do inegável poder de absorção de metais pesados presentes na água, pricipalmente o ferro, o cálcio, o manganês e o magnésio . O aguapé também é usado em outros tipos de criação . Em aquicultura intensiva, as rações empregadas apresentam elevados teores de nutrientes e apenas uma fração do alimento disponível é digerida pelos organismos. Esse alimento não consumido é convertido em sólidos orgânicos em suspensão, dióxido de carbono, amônia, fosfato e em outros compostos, que associados as excretas e as fezes, proporcionam um considerável aporte de matéria orgânica e inorgânica aos ecossistemas aquáticos. Apesar do efluente de aqüicultura apresentar grande volume com baixos teores de nutrientes, quando comparado com os efluentes de origem doméstica, o seu lançamento direto e contínuo nos ambientes límnicos pode resultar em uma bioacumulação crônica e eutrofização, com conseqüências ecológicas negativas sobre o ambiente aquático. Para minimizar tais impactos existe a necessidade do tratamento dos efluentes gerados por essas atividades, visando atender as exigências das novas legislações e às pressões de órgãos ambientais e da própria sociedade. De acordo com a Declaração de Bangkoc (NACA/FAO, 2000) a política e as regulamentações referentes a aqüicultura devem promover explorações técnicas economicamente viáveis, ambientalmente responsáveis e socialmente aceitáveis. Nesse contexto, os sistemas de tratamento de efluentes compostos por macrófitas aquáticas podem ser uma alternativa viável para os aqüicultores. As principais vantagens são o baixo custo de implantação e manutenção e a eficiência já comprovada no tratamento de efluentes urbanos. Outro aspecto relevante, é que o excesso de biomassa vegetal produzido pode ser utilizado como fertilizante da água dos viveiros e tanques de piscicultura, proporcionando o aumento de organismos que participam da cadeia alimentar dos peixes, ou mesmo como fonte alternativa de proteína. Outro uso notável do aguapé consiste na fabricação de tijolos do tipo adobe, amplamente utilizados em construção civil . O tijolo do tipo adobe , apesar de ser um dos mais antigos materiais manufaturados, ainda se mostra atual e perfeitamente viável como material de construção totalmente ecológico, uma preocupação imperativa nesse novo milênio, onde se busca a sustentabilidade do planeta em todos os níveis da atuação humana, sendo prevista à sua aprovação inclusive pela norma ABNT 19836 . Desta forma podemos concluir que a utilização do aguapé pode ser perfeitamente inserida em programas de manejo integrado de lagos eutrofizados ou em vias de eutrofização, como alternativa de retirada e encapsulamento de nutrientes e metais indesejados em um ecossistema e alternativa para a construção de habitações de interesse social (com baixo custo) , cujo déficit é preocupante no Brasil .

Bibliografia Consultada : Site da Unesp - teses disponíveis - Utilização de plantas aquáticas no tratamento de efluentes da Aquicultura, , Site da Usp - tese disponível : Utilização de Macrófitas Aquáticas na produção de Adobe - um estudo de caso no Reservatório de Salto Grande - Americana - SP , Laguinhos : Mini ecossistemas para escolas e Jardins - Amaral, Maria do Carmo E.






3 comentários:

Vavá do IBEMA disse...

Olá, conheço um lago que tem mais ou menos 1km de comprimento por mais ou menos 300 mts de largura, esta com mais de 95% tomado por aguapés, os peixes estão morrendo e o mal cheiro é constante, sei que o aguapé tira a oxigenação da água, eu queria saber qual seria a necessidade de se ter aguapés nesse lago, ou se deve ser removido.

Vavá do IBEMA
ibema@ibema.org.br

Lescanjr disse...

Vavá

O grande problema aí não é o aguapé em sí, mas sim a grande quantidade existente . Isso faz com que a luz não atravesse a lâmina d'água e causa um colapso no sistema aquático, pois as plantas e algas que servem de alimento para os peixes acabam morrendo e depois os próprios aguápés. É preciso fazer a retirada manual dessas plantas e confina-las utilizando-se barreiras que não permitam que elas tomem toda a superfície da água.

Abs.

Anônimo disse...

Olá, ganhei um par de aguapé e há alguns dias eles estavam no aquário...hoje resolvi colocá-los em luz solar direta dentro de um balde( era por volta de 14hs) , pouco tempo depois quando fui ver como estavam algumas folhas haviam se queimado e murchado...nao devo deixa-las ao sol??? Poderia me enviar a resposta por emial? obrigado!

Cleber Gomes

cleber_free@hotmail.com