quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Entrevista com Miguel Pandini

Nessa postagem pretendo colocar uma entrevista exclusiva com um dos pioneiros do Aquarismo Brasileiro - o Sr. Miguel Angelo Pandini, ilustre representante do Aquarismo Capixaba, nascido e criado no glorioso estado do Espírito Santo.


Extremamente gentil e humilde, concedeu-nos com exclusividade uma entrevista, contando coisas relacionadas ao Aquarismo bastante interessantes, tais como sua relação com Raul Pereira e Gastão Botelho (grandes escritores do Aquarismo Nacional no início dos anos 80) .Tanto é, que na segunda metade dos anos 80 e início dos 90, Gastão Botelho lançou duas revistas mensais, "Aquarismo" e depois a "Revista de Aquariofilia", ambas já extintas, onde convidou Miguel A. Pandini para participar como articulista, demonstrando sua confiança e prestígio!


Muito antes de existir a internet, seus textos e imagens foram veiculados por todo o país através destas publicações, quando recebia inúmeras cartas de leitores . Miguel A. Pandini também teve participação importante em estudos botânicos relacionados às plantas aquáticas a nível de aquarismo no Brasil , tendo seus trabalhos fotográficos sobre botânica, publicados em um catálogo completo, em CD-ROM, de plantas para aquário e "ponds" (mini-lagos artificiais) ao redor do mundo, projeto esse subsidiado por "USDA - North California State University" (Departamento de Agricultura dos EUA - Universidade do Norte do Estado da Califórnia).


Teve participações de destaque, a exemplo de Flora Bleher e família, assim como alguns outros personagens, que ao longo de décadas, ajudaram a escrever a História do Aquarismo Nacional, através da obtenção, manutenção e estudo de plantas aquáticas, sendo que, na segunda metade da década de 90, já possuía mais de 70 espécies de plantas em seus tanques e inúmeros artigos publicados que falavam de aquários holandeses, sistemática e classificação das plantas aquáticas, abordando suas principais famílias, gêneros & nomes científicos, coleta de plantas aquáticas na Natureza, etc...


Teve importante participação, na organização e crescimento da extinta revista Acqua (forum pioneiro de aquarismo no país), que gerou grandes aquaristas e foruns que todos nós conhecemos...

Vamos a entrevista :

1 - Quem é Miguel Angelo Pandini ?
Olá a todos! Em primeiro lugar, agradeço as palavras generosas vindas dos administradores desse fórum, e o interesse em conhecer minha modesta contribuição para o hobby. Sou natural de Colatina, norte do ES, onde passei toda minha infância e início da adolescência. Nasci em 1960, portanto conheci o mundo antes e depois dos computadores e da Internet. Trabalho como auditor fiscal da Secretaria da Fazenda (SEFAZ/ES), e exerço minha função aqui mesmo em minha terra. Sou formado em Engenharia Civil pela UFES, e Ciências Contábeis pela FACEC (atual FUNCAB). Sou casado, e tenho um casal de filhos já adolescentes. Atualmente, não possuo nenhum aquário montado, hobby que anda “latente” nos últimos anos, mas que jamais perdi de vista! Tive uma série de problemas pessoais no final dos anos 90 – inclusive de saúde – associados ao pouco espaço físico em minha residência atual (o que pretendo resolver a médio prazo), que me forçaram ao afastamento temporário do aquarismo doce!

2 - De que maneira teve seu interesse despertado para o Aquarismo? Bom, como aconteceu com muitos, tudo começou na infância! Eu tinha uma turminha de futebol que era assídua nos jogos diários no campinho próximo à minha casa. Tínhamos que atravessar o Rio Santa Maria, que fica nos fundos do quintal de meus pais para chegar até lá. Era raso já naquela época, e na travessia eu encontrava sempre os belos cardumes de lebistes, muitos deles coloridos, que eu resolvi coletar e trazer para casa. Às vezes, encontrava algum peixe de outra espécie e capturava também! Os “aquários” eram garrafões de vidro cortados ao meio por um aparelho que minha mãe usava para fazer objetos para decoração. Pouco tempo depois, ganhei um globo de vidro, daqueles grandões, que foi o meu primeiro aquário de verdade!

3 - Quando foi que este interesse pelo Aquarismo canalizou-se para as plantas aquáticas? Meu interesse pelas plantas aquáticas, e consequentemente por aquários plantados, surgiu praticamente junto com o nascimento de minha paixão pelo hobby. Nas margens e ilhotas do Rio Santa Maria eu coletei – acredite se quiser – mudas de Elódea muito vistosas, com raízes bem formadas. Naquele tempo, era possível encontrar plantas aquáticas crescendo no Santa Maria! Hoje, olhar para ele dá pena... Pois bem, eu plantava essas mudas na areia de rio, que eu usava como substrato. Os aquários-“garrafões” ficavam no quintal, sob as árvores, e recebiam um pouco do sol da manhã e muita luz indireta o resto do dia. As plantas ficavam com um aspecto muito bonito, soltando raízes adventícias e produzindo aquela bolhinhas de oxigênio, sobretudo quando recebiam a luz do sol. Surgiram, então, os primeiros problemas com as algas verdes, que eu resolvi introduzindo os cascudinhos (Loricarídeos) que eu coletava no rio. Quando ganhei o grande globo de vidro, eu montei o aquário num móvel que ficava quase embaixo de uma janela bem iluminada, inclusive com o sol da manhã. Apesar de não ter luminária nem sistema de filtragem, o meu era o aquário mais bonito dentre todos da turma! Pouco tempo depois, aconteceu um fato que definiu bem o meu futuro como aquarista, e a minha opção pelos aquários plantados... Minha mãe comprou dois peixes dourados (diziam que formavam um casal) e colocou-os no aquário. Em menos de dois dias, os dois simplesmente aniquilaram todas as plantas, e transformaram meu aquário num “chiqueiro”, literalmente, incluindo o mau cheiro! Não tive o menor constrangimento de retirar as “beldades” e presentear um primo que ficou muito satizfeito com eles. Tomei antipatia mortal desses peixes, e nunca mais um deles frequentou qualquer aquário montado por mim! Estava definida – e bem definida – minha opção pelo aquário plantado: plantas como prioridade, e peixes como “coadjuvantes”, sempre pequenos e em pequenos cardumes. Aliás, eu me considero apenas um cultivador de plantas que se aventurou no aquarismo, e que teve algum sucesso! Jamais, um aquarista completo!

4 - Numa época em que iluminação para aquário plantado, substratos específicos, fertilização, injeção de CO2, etc...eram bichos de sete cabeças e ninguém fazia idéia do que fosse, o senhor já falava em aquários holandeses . Conte-nos essa experiência : Pois é... Quando fiz 17 anos, fui para Vitória fazer o pré-vestibular, e cursei Engenharia Civil, em seguida. Foram longos seis anos e meio de interrupção no hobby, pois tanto o cursinho como a faculdade foram pesados demais. Não havia tempo livre para quase nada. Além disso, eu morava em república com outros colegas da UFES, e o espaço era curto também. Deixei, meu aquário-globo sob os cuidados de minha mãe, que fazia trocas parciais semanais da água, na minha ausência, e eu fazia uma limpeza mais consistente nos raros fins-de-semana que vinha para Colatina. Mas, mesmo nessas condições desfavoráveis, eu evoluí na parte teórica do hobby: comprei os primeiros livros sobre aquarismo nas lojas de Vitória e a leitura deles era uma das poucas opções de lazer naqueles dias difíceis. Depois do curso universitário, no início de 1984, voltei para Colatina com boa bagagem de conhecimentos e montei eu mesmo o meu primeiro aquário de placas de vidro, coladas com silicone. Era pequeno, com capacidade para uns 30 litros, mas era o maior da rua!. Ainda não tinha luminária (deixei-o, de novo, perto da janela ensolarada), mas eu havia comprado um filtro externo motorizado, e aquecedor com termostato. Trouxe também, de Vitória, teste de pH, acidificante e anti-cloro, as grandes novidades da época, pois nas lojas de Colatina ainda nem se conhecia isso! A dificuldade maior ainda era com a fertilização: usei uma camada de argila vermelho-sangue, rica em ferro, sob a camada de areia de rio. Nada de “filtro biológico de fundo”. E a injeção de CO2 ficou para anos depois. Tudo tinha que ser improvisado, e eu queria algo mais do que aqueles aquários sem graça e mau-cheirosos, com plantas de plástico, que alguns amigos tinham... Com o substrato rico em ferro, temperatura e pH controlados, e um sistema de filtragem que funcionava bem, eu pude me dar ao luxo de começar a trazer plantas diferentes, compradas nas lojas de Vitória: tive as minhas primeiras Echinodorus, Aponogeton e até mesmo uma pequena Criptocorine, além das Cabomba, Vallisneria, Sagittaria & Cia! E elas cresciam bem, e deixavam meu aquário com um visual muito bonito! Meses depois, montei outro aquário, dessa vez com 100 litros e acrescentei a primeira luminária fluorescente! Uma outra grande dificuldade, naquele tempo, era o isolamento. Haviam poucos nesse hobby, na minha cidade, e nos “plantados” eu era o único. Computadores eram máquinas grandes e misteriosas... E “Internet” seria uma palavra estranha, saída da boca do viajante de alguma máquina do tempo! Mas, jamais me dei por vencido! A paixão pelo hobby era grande demais, e logo achei uma saída para esse problema do isolamento...

5 - Sobre seu contato com Raul Pereira e Gastão Botelho... quem eram eles? O que representavam para o Aquarismo? Que tipo de informações vocês trocavam? Amigo... Eu me emociono ao ler esses dois nomes... Fico com os olhos rasos d’água quando me lembro deles... Foram duas pessoas maravilhosas, tanto no aquarismo como no quesito “ser humano”. Aliás, hoje em dia, quando lido com aquaristas e cultivadores de plantas, eu me sinto muito bem, pois sei que estou lidando com ótimas pessoas! O bom caráter, a gentileza, a boa educação, parece que são virtudes obrigatoriamente inerentes à personalidade desses “hobistas”! Os dois eram já bem maduros, e autores das melhores publicações sobre aquarismo na década de 1970. Os quatro primeiros livros que comprei eram deles. Depois da montagem do primeiro aquário com vidros colados, eu resolvi deixar a timidez de lado e escrevi para a Editoras, pedindo o endereço dos dois. Para minha surpresa, a resposta foi positiva! E ambos responderam, também, e com uma simplicidade que me encantou. Foram alguns anos trocando cartas, tirando dúvidas e aprendendo muito! Muito mais do que o texto dos livros deles, eu fazia experiências com os improvisos (técnicas de cultivo, e equipamentos que eu mesmo montava), e debatia os resultados. Eles foram os meus professores no aquarismo, no sentido amplo da palavra! E ganhei dois grandes amigos, apesar da distância e da diferença de idade!

6 - Conte-nos sobre suas publicações nas Revistas "Aquarismo" e "Revista da Aquariofilia" : Em meio a essas muitas correspondências, Gastão Botelho levou a termo um projeto que tinha há tempos, de recriar uma revista de aquarismo que havia feito sucesso alguns anos antes. E me surpreendeu com um convite para ser um dos articulistas dessa nova publicação. Como editor-chefe, ele gostou do meu estilo de escrever e achou que eu daria certo lá! Foi uma experiência maravilhosa, sem dúvida! E onde aprendi muito, também! Escrevi sobre diversos assuntos, não só sobre plantas e os “plantados”. Abordei assuntos não muito convencionais na época, como a escolha dos peixes conforme os hábitos de natação, reprodução dos Labirintídeos (em especial a Colisa lalia), dentre outros. Além do aprendizado, tive contato com leitores, através de cartas! Alguns deles perguntavam se eu também escreveria um livro algum dia!! Anos depois, na Internet, fui reconhecido pelos que disseram ainda terem guardadas a “sete chaves”, como verdadeiras relíquias, as revistas com as minhas matérias!!! Amigo, isso não tem preço!! E nem dá para descrever em palavras o que sinti, ao saber disso!!! A revista começou com um nome numa editora e depois mudou para outra, trocando nome e equipe editorial. Após alguns anos de existência, houve uma mudança na filosofia de trabalho e o Gastão Botelho acabou saindo. E sem ele, a revista não durou muito tempo. Desde essa época, não mais tive contato com ele. Minha saída foi logo depois, e coincidiu com o falecimento do Raul Pereira... Eu tinha o projeto de fazer uma entrevista com ele, e esta seria justamente a minha matéria naquele mês... Mas, não deu tempo... Recebi a triste notícia pelo filho dele, que devolveu o questionário que eu havia enviado...

7 - Conte-nos um pouco sobre seu ingresso na antiga Revista Acqua e seu pioneirismo em falar de plantas aquáticas através da revista naquela época : Bem, aí já entrou o computador e a Internet. Era o ano de 1995 e eu havia comprado o meu primeiro computador em outubro. Meu filho Eduardo tinha então oito anos, e havia acabado de aprender a ler... Começou a ler tudo o que encontrava pela frente! E achou a minha coleção de revistas, com as minhas matérias!!! Não dá para descrever em palavras o sentimento de ver o tamanho do sorriso e o brilho de felicidade nos olhinhos dele, ao perguntar: “foi você que escreveu isso, pai?” Isso me causa arrepios até hoje! No início do ano seguinte, eu montei um pequeno aquário que ficou num móvel na cabeceira da cama dele. Pequeno mas, bem equipado, com tudo a que tinha direito! Bem plantado e povoado com guppies e platys! No mês de março, inaugurou o primeiro provedor de Internet em Colatina e fui um dos primeiros a me inscrever! E logo de início, nas primeiras “navegadas” junto com meu filho, descobri a “Revista Eletrônica @qua”, de São Paulo, que trazia matérias mensais sobre aquarismo em geral, renovada mensalmente. Estranhei a ausência de matérias mais avançadas sobre as plantas aquáticas e os “plantados”. Sugeri isso ao Webmaster, e ele me respondeu com um convite para ser um dos colaboradores do site, justamente nessa área! Priorizei as matérias sobre os aquários plantados, mas, mais uma vez, escrevi também sobre outros assuntos. Alguns dos artigos fizeram muito sucesso na época (a caixa de correio “ferveu” de mensagens), como as partes I e II do “Pesadelo chamado Íctio” (a doença mais comum entre os peixes), e uma tradução comentada sobre a montagem dos aquários holandeses pelos aquaristas europeus. Meu filho escreveu dois pequenos textos, sobre guppies e platys, como “colaborador-mirim”! O bom dessa fase foi que, nos grandes centros, já estavam disponíveis os equipamentos e produtos “top”, muitos deles importados, e já não se falava mais em improvisos, exceto no caso do sistema “DIY” de CO2, com açucar e fermento, que era a grande sensação da época! Foi quando eu montei cinco aquários super-plantados no terraço de minha casa, todos sob luz natural, com fertilizantes importados e injeção de CO2! Foi a minha melhor fase no hobby, quanto tive em torno de 70 espécies diferentes de plantas aquáticas saudáveis! Eu tinha que ir mensalmente para Vitória a trabalho, e dificilmente retornava sem uma sacola cheia de plantas novas! Quando o Webmaster da @qua passou no vestibular e teve que mudar de cidade, vendeu o site para um grupo de pessoas que priorizou o aquarismo marinho. A maioria dos colaboradores de aquarismo doce acabou saindo. Isso coincidiu com uma série de problemas pessoais que desmotivaram minha permanência no hobby. Meu filho havia crescido e dedicava-se integralmente aos estudos, e minha filha jamais mostrou interesse. E teve um “surto” de algas-peteca nos “plantados”, que estragou o trabalho de anos... E, então, resolvi dar uma grande pausa, que dura até hoje. Daquela época, ficaram os grandes amigos que fiz, com vários deles, hoje, na minha lista de amigos do Orkut!

8 - E quanto a publicação de suas fotos em uma edição internacional voltada a plantas aquaticas custeada por um orgão norte americano... Como foi exatamente isso? Podemos ver uma foto dessa publicação (?) Paralelamente ao trabalho na Revista @qua, eu participava de alguns foruns de sites de aquarismo, inclusive um que existe até hoje, o “Era de Aquários”. Foi o primeiro site brasileiro bilíngüe do gênero. A pedido do Webmaster, mandei algum material específico sobre algumas espécies de plantas aquáticas (textos explicativos), principalmente brasileiras, acompanhadas de imagens (convencionais, escaneadas) que eu havia feito delas em cultivo, e algumas “in habitat”. O material foi disponibilizado também na parte internacional do site, e ficou lá disponível para o mundo todo, mesmo depois de eu ter me afastado do hobby. Em consequência, recebi mensagens de leitores dos mais diversos cantos do mundo, como o de um biólogo do Chile que queria informações em “portunhol” sobre uma planta que eu infelizmente não conhecia. Ou de uma estudante australiana que precisava de imagens de plantas aquáticas flutuantes, inclusive da vitória-régia, para um trabalho de escola. E no início de 2003, veio um e-mail de um sujeito da Califórnia, nos EUA, pedindo a minha autorização para usar algumas das minhas imagens num trabalho que ele pretendia desenvolver, sob o patrocínio do governo americano, através do Departamento de Agricultura dos EUA, e da Universidade do Norte do Estado da Califórnia, onde ele havia se formado em biologia e trabalhava como pesquisador. Shaun Lewis Winterton se apresentou como PhD em Biologia, especilizado em controle natural de pragas de lavoura, e um apaixonado por aquários plantados. Tinha o sonho de produzir um grande trabalho em CD-ROM, que incluía dados e imagens de plantas aquáticas destinadas a “ponds” e aquários plantados, de todos os cantos do planeta. Disse que o sonho estava bem próximo, pois o governo havia concordado em patrocinar integralmente o seu projeto, junto com a Universidade onde trabalhava, e queria usar algumas das minhas imagens, as quais ele elogiou bastante. Não tive como recusar um pedido desses, e quase dois anos depois, fui surpreendido por uma outra mensagem dele, dessa vez pedindo o meu endereço residencial completo. E dias depois, recebi um envelope com um exemplar do CD-ROM, junto com uma carta de agradecimento e um cartão de apresentação dele. Mais uma peça rara para a coleção! Imagem minha, publicada no CD-ROM? É claro, sem problema! E escolhi esta, da brasileiríssima Bacopa lanigera – a bacopa “peluda” – que mais chamou a atenção do Shaun! A esquerda, a planta submersa no aquário; à direita emersa no tanque externo; e uma flor dela, em “close”, no detalhe. Levem em conta a época, a foto feita em papel fotográfico, depois escaneada e tratada, para ficar com uma aparência “apreciável”. Nada comparável com a nitidez digital que temos hoje...

9 - O Senhor, como fotógrafo e Aquarista que é, como vê o trabalho de Takashi Amano, que além de exímio aquarista, adepto do estilo Nature Aquarium, também é fotográfo profissional? É realmente incrível o trabalho do Amano. Acho que ele marcou seu lugar na história, e terá sempre o nome lembrado quando se falar em aquários plantados, não importa em que lugar do planeta. E isso ainda acompanhado de um trabalho fotográfico simplesmente impecável! Porém, devo confessar que o “Nature Aquarium” não é a minha “praia”, e acho que nunca será, pois esse estilo é fruto de uma tecnologia que nunca tive acesso. Para começar, são aquários pequenos, e tratados com uma tecnologia de ponta disponível no Japão há anos, coisa que eu jamais sonharia usar aqui. Também não faço a menor idéia do custo de manutenção de um aquário nesse estilo. Eu já prefiro os do estilo “holandês”, bem grandes, por uma questão de experiência, e de gosto, mesmo! Foi nesse tipo de aquário que eu me desenvolvi no hobby! Porém, a experiência e, sobretudo, os resultados do Amano, bem retratados em suas fotos, têm valor inestimável na história do aquarismo mundial, sem a menor sombra de dúvida! E a profissão de fotógrafo foi decisiva nisso!!!


10 - Como o Senhor vê o desenvolvimento atual do hobby em nosso País e o nível de informação trazido pela Internet aos nossos atuais aquaristas? Fica até difícil fazer comparações, para a maioria dos atuais aquaristas que não conheceu a vida antes da Internet... No meu tempo de iniciante no hobby, quando eu me correspondia com aos autores de que falei, a comunicação era via carta escrita, que a gente colocava no correio (não o eletrônico!) dentro de um envelope selado e esperava semanas pela resposta. Textos sobre determinado assunto? Talvez, com muita sorte, numa enciclopédia famosa, que ficava na biblioteca da escola, longe de casa... Fotografia era com filme e tinha revelação, que custavam caro! Hoje, passo um e-mail que pode ser respondido minutos depois... Deixo minha dúvida num tópico de um fórum específico, e leio as respostas e impressões dos companheiros, à noite... Ou, posso me comunicar com um colega de hobby on-line, em tempo real, num “messenger” ou no Skype. Precisando de informação sobre determinado assunto? Escolha o mecanismo de busca que mais te agrada, e baixe quantos textos e imagens quiser, de graça! Faça imagens digitais de seus tanques, peixes, plantas, equipamentos, etc., às centenas, a custo “zero”! Nem tentem imaginar como era a vida sem isso! Mas, não só a Internet e a informática facilitaram o progresso no hobby. A globalização, de um modo geral, junto com maior liberdade de comércio internacional, acompanhada de uma conversão cambial menos sacrificante, que barateou muitos produtos, também são fatores que pesaram muito a favor. Hoje, encontramos à venda on-line produtos jamais sonhados pelos aquaristas brasileiros em outras épocas! E isso faz uma grande diferença!


11 - Quem quiser conhecer um pouco mais do seu trabalho, poderá acessar os seus artigos via Internet? Qual o endereço? Bom, meus textos foram produzidos numa época de aprendizado, quando eu não me arriscava muito a ir fundo no assunto abordado. Muita coisa evoluiu depois deles. Mas, se acharem que vale a pena... Não sei se a Revista @qua ainda tem minhas matérias disponíveis on-line. Por isso, eu as disponibilizei num site pessoal, cujo domínio definitivo eu registrei recentemente. O site está ainda incompleto, com quase tudo por fazer (inclusive a parte visual, que vai ser totalmente reformulada). Por incrível que pareça, o canal “Aquarismo” é o único com conteúdo. Se quiserem visitar, o endereço é: http://www.miguel.pandini.nom.br/ Quanto eu estiver de volta, é claro que devo atualizar o conteúdo com as novas experiências que com certeza virão! Mas, sobre aquarismo, por enquanto, é só isso!


12 - Além do Aquarismo o Senhor também se dedica a outros Hobbies. Quais são eles? Sim. Como eu disse, o aquarismo anda “adormecido”, e devo voltar à ativa a médio prazo, assim que eu tiver a tão sonhada casa ampla com quintal! Paralelamente ao aquarismo, eu cultivo plantas carnívoras há alguns anos. Junto com estas, plantas ornamentais do tipo “folhagem” e bromélias. Recentemente, conheci na Internet uma comunidade de cultivadores de pimenta e aderi nesse início de ano. E estou engatinhando no cultivo de orquídeas (tenho duas, por enquanto!). Como se vê, dificilmente eu morreria de tédio! Longe do trabalho, as “horas de folga” sempre terão um bom destino!


13 - Deixe uma mensagem para o pessoal que está se dedicando ou iniciando no Aquarismo atualmente: Como eu disse, é quase impossível comparar o que vocês tem hoje com os recursos disponíveis no tempo em que eu estava começando. Usem e abusem da Internet! E não se limitem à língua portuguesa, pois mais 95% do conteúdo da “grande rede” está em inglês. Aprendam a usar essa língua, nem que seja só para ler e escrever! E não se limitem, também, aos contatos on-line: em cidades do porte de Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, é possível conhecer os colegas de hobby pessoalmente, marcar reuniões, visitar a casa deles, conhecer seus aquários, trocar experiências. Se há a possibilidade do contato real, não deixem tirar proveito disso. Eu não tive colegas reais no meu início, por causa das limitações tecnológicas e por causa do isolamento. Mas, vocês poderão resolver esse problema facilmente. Hoje, é tudo bem mais fácil para um iniciante. Bem mais fácil, em todos os sentidos!

Obrigado pela oportunidade de estar aqui!

Grande abraço a todos!

MIGUEL ANGELO PANDINI.

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