sábado, 16 de agosto de 2008

II - Biótopos Riograndenses - por Dr. Rodrigo Mabilia

EQUILÍBRIO AMBIENTAL E CADEIA ALIMENTAR
A Estação Ecológica do Taim é estratégica para o equilibrio ambiental em todo o continente. Os seus banhados são utilizados para alimentação e reprodução de aves tanto do Hemisfério Norte quanto do extremo-sul da América.
Veja por que aves de vários pontos do continente procuram o Taim: o lôdo, limo e algas dos banhados e lagoas, servem de alimentação para um caramujo conhecido como pomácea. Este caramujo, por sua vez, serve de alimento para diversas aves, como o marrecão, que vem, a exemplo do cisne-do-pescoço-preto, dos lagos gelados da Patagônia. E também a alguns mamíferos. As aves, que também se alimentam de pequenos peixes das lagoas e até dos filhotes de capivaras e ratões do banhado (caso do gavião carcará), servem, por sua vez, de alimento para outros animais, entre os quais o gato palheiro, graxaim, mão-pelada, que disputam o mesmo espectro de animais com outros carnívoros, como o furão, zurrilho, jacaré-do-papo-amarelo, os gaviões cara-cara, chimango do mangue e com o corujão e a coruja branca de igreja, entre outros. Fonte: http://www.riogrande.com.br


O período de retirada desta foto correspondeu ao de grande estiagem. A vegetação é bem característica a que ocorre durante toda rodovia. Fonte: Rodrigo G. Mabilia

A FLORA DO BANHADO DO TAIM
A vegetação em terra firme é abundante. Ao norte da reserva há uma floresta de Ioha que é composta predominantemente por árvores como Figueiras e Corticeiras, sendo estas últimas encontradas com orquídeas e barbas-de-pau, conferindo um aspecto magnífico. No banhado a vegetação predominante é o Junco (Sairpus ca/ifornicus). A secagem e posterior inundação pelas águas das chuvas permite a constante germinação de vegetação intensa no substrato fértil acumulado durante o período de cheia.
Alguns banhados do Taim estão sujeitos a ciclos de 5 a 20 anos.
Macrófitas Flutuantes: Eichornia crasnpes, Salvinia herzogii, Azolla caroliniana, Lema valdiviana, Pistia stratiotes, Wolffella oblonga, Alternanthera philoxeroides, Spirodela intermédia e Limnobium laevigatum.
Macrófitas Emergentes: Scirpus californicus, Zizaniopsis bonariensis e Scirpus giganteus. Gramíneas: diversas são encontradas com destaque especial para a Paspalum e a Spartina que ocupam grandes áreas do banhado e oferecem refúgio para aves e mamíferos.
Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Fundação Universidade federal de Rio Grande e Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.

A FAUNA DO BANHADO DO TAIM - ICTIOFAUNA DO TAIM
As principais espécies de peixes que compõe a Ictiofauna do Taim são o Peixe-Rei, o Jundiá, a Traíra, a Viola e um tipo de Tainha que somente ocorre na lagoa Mangueira e pode ser encontrada no Banhado. Como é uma região sem nascentes de águas (as águas das chuvas são escoadas para as lagoas através dos banhados e canais das fazendas), na época da piracema alguns tipos de peixes como o Curimatá, Branca ou Tambico, Lambaris e algumas Traíras, sobem os canais por onde a água das chuvas ou das lavouras de arroz é escoada para as lagoas. Estes terminam morrendo nos campos, onde os banhados acabam. A seleção natural, nesses casos, tem como instrumento o próprio instinto que procura assegurar a sobrevivência da espécie. Esses peixes fazem a piracema, subindo a correnteza até as nascentes, enquanto amadurece a ova antes de seu lançamento nas águas para o nascimento dos alevinos. Como não existem nascentes, eles ficam presos nos banhados rasos, como se estes fossem uma rede. Somente alguns conseguem voltar, e outros procriam nas próprias lagoas. Entre estas espécies citadas a traíra e a branca (Curimatá, ou Tambico), são predadores que tem um papel muito importante no controle das outras espécies. Fonte: http://www.riogrande.com.br
- Invertebrados
Foram identificadas 15 espécies de gastrópodes das famílias: Ampullaridae, Hydrobiidae, Ancylidae, Planorbidae, Physidae e Chilinidae. Nestes mesmos ambientes foram encontrados bivalves do gênero Corbicula e Neocorbicula
- Répteis e Anfíbios Foram identificadas 18 espécies de anfíbios e 21 espécies de répteis, sendo as tartarugas de água doce as mais abundantes. Um estudo verificou que o molusco Ampullaria sp. é um importante integrante da dieta de répteis como o Jacaré-do-Papo Amarelo (Caiman latirostris).

Detalhe da foto com um jacaré “Lagarteando ao sol” para se aquecer. Fonte: Rodrigo G. Mabilia
Detalhe da foto de Capivara em terra firme com vegetação abundante. Fonte Rodrigo G. Mabilia

A Capivara (Hydrochoerus hydrochoeris) é o mamífero mais ilustre do Banhado do Taim. É o maior roedor do mundo e divide este ambiente junto com o ratão-do-banhado (Myocastor coypus) e a lontra (Lontra longicaudis). Há ainda outras espécies, tais como: o Graxaim, o Tuco Tuco, O Zorrilho e o Tatu peludo.
A Reserva é utilizada como descanso para muitas aves. Alí encontram um porto seguro e alimentação farta que permite se prepararem para sua rota migratória. No detalhe da foto um pequeno banhado seco disponibilizando um banquete de peixes para as Garças. Fonte: Rodrigo G. Mabilia

O Rio Grande do Sul é uma das áreas de maior diversidade de aves aquáticas do Brasil. Isto ocorre, porque é rota migratória de inúmeras espécies vindas, tanto do Norte, como do Sul.

Corydoras paleatus (Foto: José F. Pezzi da Silva). Banhado do Taim

CONSIDERAÇÕES FINAIS: São 16 km de estrada (uma única estrada de passagem pelo banhado do Taim - BR 471). acompanhados de uma bela paisagem a uma velocidade limite permitida de 60 km/h. Durante o trajeto há sinalização por toda rodovia alertando os riscos de atropelamento de animais. Uma das alternativas para minimizar os impactos da rodovia foi a construção de uma barreira de contenção lateral à rodovia.

Túneis também foram construídos em intervalos de distância regulares como forma de passagem para os animais que habitam o banhado. Quem já teve a oportunidade de presenciar esta obra de arte da natureza jamais esquece.

Espero que tenha sido interessante apresentar esta coletânea de informações a respeito do Banhado do Taim. Um abraço a todos e até o próximo biótopo.

Artigo gentilmente cedido ao Aquablog pelo amigo Dr. Rodrigo Mabilia , uma das maiores autoridades em Nutrição e Patologia de Peixes Ornamentais do Brasil.

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