São moluscos univalves, isto é, somente uma concha. São um bom alimento para um grande número de animais de aquário e de vivário. É preciso, porém, muito cuidado na escolha da espécie dos caramujos a serem criados, pois muitos deles podem transmitir doenças como a esquistossomose, por exemplo. Não aconselhamos criar caramujos dentro dos mesmos aquários em que se encontram os animais como, por exemplo, os peixes que vão alimentar, porque isso acarreta uma série de inconvenientes, entre os quais: - eliminam grande quantidade de excrementos; - comem as algas que servem de alimentação para alguns peixes; - comem brotos, raízes e plantas, prejudicando a decoração e as condições do aquário; - quando morrem, sua concha, que é calcária, alcaliniza a água que fica "dura"; - como são muito prolíficos, morrendo em grande quantidade, podem poluir a água, baixar o seu pH e aumentar o seu teor de gás carbônico; - comem ovos de peixes; - alguns respiram na água, competindo com os peixes e as algas, pelo oxigênio nela existente. Pelos motivos expostos, cremos que o melhor é criar os caramujos em aquários ou tanques separados, especiais para eles. Alguns caramujos são pulmonados, isto á, possuem pulmão e respiram o ar atmosférico. Damos, a seguir, alguns caramujos que podem ser criados para a alimentação de animais diversos, principalmente peixes. Caramujo vermelho - Planorbis corneus. Sua concha é em espiral, medindo 2cm de diâmetro. É o mais difundido no Brasil. É albino. Sua cor é aparente, pois o vermelho que apresenta é a cor do seu sangue, visto por transparência. É ovíparo e muito prolífico, ocupando todo o aquário em pouco tempo. Coloca seus ovos sobre os vidros ou paredes do aquário onde, com uma lente, podemos observar o interior e o desenvolvimento desses ovos. A eclosão se realiza em 10 dias. Come algas que se encontram sobre as folhas e ainda danifica as plantas, além de devorar, também, os ovos dos peixes. Seus ovos e filhotes são um bom alimento para peixes. Podemos amassá-los pois são, assim, uma boa alimentação, muito apreciada por um grande número de animais. Fisa - Physa acuata. É cinzento, bem pequeno e possui a concha ovalada, com apenas 1cm de diâmetro. Não prejudica as plantas como o Limnaea, com o qual é confundido. Muito prolífico, seus filhotes são um bom alimento para peixes e outros animais. Movimenta-se de forma interessante dentro da água, na vertical, subindo e descendo como se houvesse uma parede invisível pela qual estivesse deslizando com muita facilidade. Ampulária - Ampullaria cuprina. Muito grande, sua concha atinge 10cm de diâmetro. Deve ser criado em aquário especial, mas que tenha uma tampa, para que ele não fuja. Desova fora do aquário. Limnaea stragnalis. É grande, atingindo 6cm de comprimento. Ovíparo, bota seus ovos nas folhas das plantas. A eclosão ocorre 30 dias após a postura. Prefere temperatura de 28 ºC. Melanoides tuberculata. Originário do Egito, possui o hábito de enterrar-se na cama do aquário, onde elimina as suas fezes, adubando as plantas. Sua concha é verde-claro, com listas horizontais marrons avermelhadas. É em forma de espiral bem comprida. É ovíparo, alimenta-se de algas e não prejudica as plantas. para a produção de cada uma das sucessivas gerações. 7 - Lesmas Dr. Marcio Infante Vieira São moluscos considerados parecidos, externamente, com os caracóis e caramujos, mas não possuem a concha típica desses últimos. São encontradas principalmente em épocas chuvosas tornando-se, às vezes, verdadeiras pragas, atacando hortas, jardins, plantações, etc. As grandes lesmas têm um pequeno número de animais de terrários, aquários, etc., que as consomem, por exemplo, algumas cobras terrestres e algumas grandes tartarugas. As lesmas pequenas como a Agriolimax agrestis, por exemplo, são apreciadas por um grande número de animais como rãs, sapos, tartarugas, salamandras e pequenos lagartos, além de até mesmo certos vermes de movimentos lentos. Essas lesmas pequenas podem ser encontradas em grande quantidade em pequenos lagos, tanques, açudes, valetas, etc., principalmente em períodos chuvosos. Sua coleta deve ser feita, de preferência, à noite. É comum elas aparecerem em grande número, uma verdadeira praga, atacando hortas, jardins, plantações, etc., causando muitos prejuízos. As lesmas pertencem aos gêneros Vaginulus e Limax. Como exemplo de lesmas temos, no Brasil, entre outras, a Vaginulus taunayi, que é grande e de coloração verde pulverulento.
8- Artemias Salinas - alimento vivo para peixes e alevinos Redação RuralNews
A artêmia é um pequeno crustáceo ou camarãozinho classificado no Ramo Arthropoda, Classe Crustácea, Sub-família Branchiopoda e Ordem Anostraca. Mede de 8 a 10mm de comprimento e sua cor pode ser vermelho claro, rosado, cinza claro, cinza escuro ou castanho dourado, variando de acordo com o meio em que vive e os alimentos que ingere. Possui uma bioluminescência em torno do corpo. Vive normalmente em lagos e lagoas de água salgada ou salobra e, em maior número, quando as águas são de maior salinidade. Pode, no entanto, viver em águas preparadas artificialmente ou mesmo em águas doces, durante algum tempo. É um dos melhores alimentos para alevinos e peixes novos, logo que termina a reserva alimentícia do seu saco vitelino, pois é muito rica em proteínas. Muito prolífica, reproduz-se com bastante facilidade e rapidez. Seus ovos, quando secos, podem ser conservados durante 10 anos, estando sempre aptos a eclodirem, desde que sejam colocados em uma água salgada. Uma boa fórmula para o preparo da água, para a criação de artêmias é: água- 100 litros; sulfato de amônia- 100g; superfosfato de cálcio- 20g; uréia- 20g. Podemos usar, também, outra fórmula: água- 1 litro; sal (cloreto de sódio)- 35 a 42g, o que significa uma solução de cloreto de sódio a 35 ou 42%. Outra fórmula é a seguinte: 1 colher de sopa de sal para 1 litro de água. Depois de preparada a água, usar 1 colher de chá de ovos de artêmia para 10 litros dessa água. A temperatura da água deve ser de 24ºC no mínimo e a melhor, de 25 ºC. Acima de 27 ºC a eclosão ocorre em 24 horas, levando 8 ou mais dias, quando é inferior a 21 ºC. A densidade da água deve ser de 1.025 Be. A artêmia nada sempre de dorso, com o ventre para cima, para a luz ou claridade do ambiente em que se encontra (telotaxia ventral). Além disso, nada em direção à luz. O ciclo de vida da artêmia é o seguinte: ovo- antes da eclosão; náuplius- são as larvas após a eclosão; jovem- com 6 dias de idade e adulto, quando atinge 10 dias de idade. O tempo de vida da artêmia é de 6 a 12 meses. A eclosão se realiza 24 a 48 horas após a colocação dos ovos na água, variando esse tempo de acordo com a temperatura da água, que deve ser de 24 a 27 ºC. Nascem, então, as pequenas larvas com 0,5mm, aproximadamente, sendo denominadas náuplius. Os náupilus podem viver várias horas na água doce, o que permite o seu emprego na alimentação de peixes e outros animais que vivam nesse ambiente. Alimentação A artêmia se alimenta de plancto, microalgas, fungos, mucilagens produzidas pelas algas, matéria orgânica, etc. Podemos dar-lhes, também, alimento artificial como amido sob a forma de maizena, farinha de peixe, de cerveja, etc. As artêmias podem ser dadas sob 3 formas, como alimentos aos animais: já adultas: como náuplius ou então como ovos secos. Podemos fornecê-las a peixes de água doce, porque elas podem viver algumas horas nesse ambiente. Podemos obter as artêmias das seguintes maneiras: 1 - adquirindo os ovos secos, nas casas especializadas e os dando como alimentos para peixes e outros animais; 2 - colocando os ovos na água, para eclodirem, o que resultará em náuplius e depois em artêmias adultas; 3 - fazendo a criação, o que nos permite obter os ovos e os animais. Quando formos dar artêmias como alimentos vivos, devemos colhê-las com um puçá de pano ou de malhas finas, lavá-las e passá-las por um coador para separá-las, evitando que a água salgada em que vivem, seja colocada no aquário e altere suas condições, principalmente o pH da sua água, o que prejudicaria os peixes. Outro cuidado a ser tomado é dar as artêmias em quantidades suficientes para serem consumidas em um só dia, evitando que morram no aquário. O aquário de criação deve ficar em local escuro ou sombrio, enquanto que o da reprodução, em um lugar bem iluminado para facilitar o desenvolvimento das algas que vão alimentar as artêmias.
9- Mosca drosófila para alimentar rãs, peixes e outros animais Redação RuralNews As drosófilas, ou moscas da banana, são um excelente alimento para diversos animais como rãs, peixes, inclusive os marinhos, lagartixas, lagartos, etc. Medem alguns milímetros apenas, de comprimento, sem as asas. Criação Podem ser criadas com facilidade. Para isso, basta prendê-las em um vidro de boca larga e com uma tampa de pano ou tela de malhas bem finas, para que entre o ar mas não deixe passar as moscas. No fundo desse vidro deve ser colocada uma pasta de banana amassada com aveia e à qual são juntadas algumas gotas de violeta genciana, para evitar que mofe. A temperatura indicada como a melhor é de 25 ºC. As larvas são daí tiradas e lançadas ao peixes, rãs ou outros animais, que as devoram avidamente. Os insetos adultos são mais apreciados, ainda, por aqueles animais. Existe uma mutação de drosófila, com asas atrofiadas, melhor para criar e para fornecer como alimentos, porque não voam, sendo mais fáceis de serem manejadas e capturadas pelos animais. Sua criação, no entanto, não é tão produtiva quanto a da mosca normal. São alimento quase indispensável para uma série de animais como, por exemplo, pequenos sapos e rãs, camaleões recém-nascidos, Phelsuma, bem como para beija-flores, etc. Coleta para iniciar a criação Para capturar as primeiras moscas para a criação, basta deixar um frasco aberto, com banana dentro, ao ar livre ou em uma panela, pois as moscas entrarão nele e serão capturadas. É aconselhável, no entanto, que seja colocado, na boca do frasco, um papel com 2 ou 3 pequenos furos que permitam a passagem das pequeninas moscas da banana, mas não de outras moscas maiores. Dessas "armadilhas", elas devem ser transferidas para os frascos de criação, já descritos anteriormente. A reprodução dessas moscas é muito rápida e 8 dias depois já começam a surgir as primeiras moscas, nascidas das pupas. Levam 14 dias para atingir a idade adulta ou maturidade sexual, ficando aptas à reprodução. Para que haja continuidade na criação, é necessário que sejam preparados frascos para a produção de cada uma das sucessivas gerações.
10 - Branchoneta (Dendrocephalus brasiliensis)
fonte : Branchoneta, uma notável contribuição à larvicultura e alevinagem de peixes carnívoros de água doce. José do Patrocínio Lopes, Antonio Lisboa N. da Silva, Athiê G. dos Santos e Rui A. Tenório
Conhecida regionalmente como camarãozinho e brancneque, a branchoneta (lê-se branconeta) Dendrocehalus brasiliensis, é um microcrustáceo que surgiu espontaneamente e em grandes densidades nos viveiros da Estação de Piscicultura de Paulo Afonso - BA a partir de 1989, ao mesmo tempo em que sua ocorrência também já era notada em outras estações localizadas no Médio e Baixo São Francisco. Devido a sua preferência alimentar fitoplanctófaga, sua presença foi encarada como um inconveniente intruso a ser combatido, uma vez que, ao utilizar vorazmente o alimento natural, num curto espaço de tempo, “empobrecia” os viveiros, causando sensíveis prejuízos ao processo de alevinagem. Nesse sentido, para combatê-los, tomou-se uma prática rotineira, previamente à estocagem das larvas, o tratamento com Dipterex na proporção de 1 ppm. Mais do que problemas, a branchoneta trouxe também soluções para a popularização das técnicas de propagação artificial de peixes carnívoros, servindo como alimento vivo para as fases iniciais de larvicultura e alevinagem. Tendo em vista a grande importância desses peixes para a execução de programas de repovoamento de grandes reservatórios e também para utilização na própria piscicultura intensiva, tem sido constante a busca de microorganismos de água doce com características semelhantes a artêmia, tais, como: fácil obtenção, grande atratividade e que atenda os requerimentos nutricionais de espécies como surubim, dourado, niquim, tucunaré entre outras. Como conseqüência de observações mais acuradas sobre o ciclo de vida desses animais, estudos vêm sendo desenvolvidos desde o ano passado na Estação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco e os resultados parciais obtidos com o aproveitamento de D. braslliensis na piscicultura, sinalizam para um grande avanço tecnológico nesse campo, uma vez que a espécie atende, praticamente, a todas as exigências anteriormente descritas.
POSIÇÃO SISTEMÁTICA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Na Estação de Piscicultura de Paulo Afonso este microcrustáceo foi denominado artêmia de água doce ou branchoneta e sua posição sistemática é a seguinte: Classe: Branchyopoda Subclasse: Sarsostraca Ordem: Anostraca Família: Thamnocephalidae Gênero: Dendrocephalus Espécie: Dendrocephalus brasiliensis O conhecimento dos anostracos neotropicais é limitado e, provavelmente, existe muito mais espécies do que as citadas. Na região neotropical estão representadas cinco das oito famílias atualmente reconhecidas de anostracos: Artemiidae; Branchinectidae, Chirocephalidae, Streptocephalidae e Tamnocephalidae. A família Tamnocephalidae está representada na América do Sul por três gêneros: Thamnocephalus; Branchinella e Dendrocephalus, gênero exclusivamente do continente sul americano. Nele, são citados: D. affinis, encontrada na Venezuela; D. cornutus, encontrada em Costa Rica; D. geavy, na Venezuela; D. sarmentosus, nas Ilhas Galápagos; D. spartaenova e D. venezuelanus, ambas na Venezuela; D. argentinensis, encontrada na Argentina e países limítrofes e, finalmente espécieD. brasiliensis cuja ocorrência vai da Argentina ao estado do Piauí.
DESCRIÇÃO
A branchoneta, como todo phylopoda apresenta sexos separados e de fácil identificação. Seu corpo é cilíndrico, variando de tonalidade verde claro a branco, para os exemplares machos e um pouco transparente, para as fêmeas, cujas caudas são avermelhadas. As fêmeas são também, facilmente identificadas, pelo ovissaco com ovos que carregam próximo à cauda e os machos apresentam apêndice vertical, o qual é fundamental para a identificação da espécie. A exemplo da maioria dos anostracos, este animal alcança dimensões de até 30 mm, quando adultos, podendo até ultrapassar, se o ambiente estiver bastante favorável. Em termos médios, os adultos situam-se em torno de 20 mm. O maior exemplar macho mensurado teve comprimento total de 27 mm, enquanto a fêmea mediu 25 mm.
COMPORTAMENTO
Sendo a branchoneta é essencialmente filtradora e, num curto período de tempo, deixa um viveiro bem adubado e rico em plâncton, completamente “limpo”. Com referência à ingestão de zooplâncton, observou-se tanto nos viveiros, como em aquários, que a branchoneta não lhe dá maior preferência. A espécie possui ainda uma forte tendência à agregação, formando conglomerados, nadando em todas as direções, as vezes no sentido vertical de cabeça para baixo (ponta a cabeça). Os indivíduos nadam sobre o próprio dorso com os filopódios para cima, direcionados à luz ou claridade do ambiente em que se encontram (telotaxia ventral).
REPRODUÇÃO
Conforme os anostracos em geral, os cistos das branchonetas são rústicos. Ao se esvaziar a água do viveiro, os cistos permanecem no fundo durante várias semanas, eclodindo por ocasião do enchimento, uma vez que hajam condições favoráveis no meio. Três dias após o enchimento do viveiro, já é possível notar a ocorrência de pós-larvas. Com uma semana de vida, já se encontram formas jovens de branchoneta com ovários em formação. Aproximadamente oito dias após a eclosão, elas já são adultas e começam a liberar os cistos, que têm cor escura e forma oitavada. Uma análise preliminar revelou que, por postura, cada fêmea libera de 100 a 230 cistos. Trata-se de uma espécie prolífica, reproduzindo continuamente na região de Paulo Afonso durante todo o ano, com exceção do período de junho a agosto quando a temperatura cai um pouco. Constatou-se uma proporção sexual predominante de fêmeas da ordem de 60%. A reprodução controlada de D. brasiliensis é uma etapa praticamente dominada na Estação de Piscicultura de Paulo Afonso. Para isto foi estabelecido a seguinte rotina: - Captura dos exemplares adultos (com oito ou mais dias de nascidos) e introdução nas incubadoras da estação normalmente utilizadas para larvicultura de peixes; - Após 48 horas nas incubadoras as branchonetas são retiradas e os cistos existentes na camada da água são filtrados e desidratados - Quando secos e limpos de impurezas, eles podem ser colocados novamente nas incubadoras ou em viveiros de terra. Após 24 horas já se observa grande quantidade de larvas recém-nascidas que, de início apresentam cor preta e com forte semelhança às de artêmia Após a coleta das larvas, essas podem ser empregadas como alimento para as pós-larvas de diversas espécies de peixes e, dependendo do tamanho pretendido, serem cultivadas por mais dez dias para servir de alimentação de peixes maiores, inclusive adultos.
VALOR NUTRICIONAL
Provavelmente, a produção em massa e utilização da branchoneta como fonte alimentar alternativa para a produção de alevinos de espécies carnívoras, será uma das maiores oportunidades na piscicultura. Isto fica caracterizado tanto pela forte atração que esse microcrustáceo oferece à larvas e alevinos de peixes carnívoros como, principalmente, pelo seu alto valor protéico, comparando-se e/ou até mesmo, superando a de organismos empregados convencionalmente para tal fim (Tabela).
Valores comparativos da composição entre microorganismos convencionalmente empregados em aquicultura e a branchoneta.
Fontes Matéria seca Proteína bruta P Ca Cinza A) Convencionais Artemia 11,00 61,60 10,10 Daphinia 70,10 1,46 0,21 Moina 59,12 1,32 0,16 Rotífero 56,92 1,42 B) Alternativas branchoneta 67,05 0,54 1,71 14,82
HÁBITO ALIMENTAR
Ao mesmo tempo em que nada, a branchoneta vai se alimentando do material em suspensão, filtrando com seus apêndices bactérias, algas, protozoários, metazoários e restos de matéria orgânica. Todavia, logo fica caraterizado sua tendência fitoplanctônica, uma vez que o zooplâncton praticamente não éconsumido, conforme observação visual em ensaios realizados em aquários. Portanto, o seu hábito alimentar primitivo seria predador e, a alimentação filtradora uma especialização. Uma predação mais intensa somente é exercida em anostracos que alcançam grandes dimensões como Branchinecta giga e Branchinecta ferox.
PRODUÇÃO DA BRANCHONETA
Os cistos da branchoneta, a exemplo dos demais anostracos são resistentes e asseguram a sobrevivência durante condições ambientais extremamente adversas como dessecação e congelamento. Após a completa drenagem dos viveiros eles permanecem no fundo, mesmo expostos ao sol até por várias semanas. Uma vez o viveiro sendo cheio, eles eclodem rapidamente, ocorre um crescimento individual e populacional rápido e, aos quatro dias de vida, as formas jovens em tamanhos apropriados para utilização na dieta de alevinos já podem ser colhidos. Aos oito dias de vida as formas adultas já podem ser colhidas com redes, caso se queira fazer produção em laboratório ou usá-las na alimentação de peixes. Por amostragem verificou-se que, aos vinte dias, os machos alcançaram, em termos médios, 27 mm de comprimento e 1,95 mg de peso, enquanto nas fêmeas da mesma idade, esses valores foram 20 mm e 1,40 mg, respectivamente. Para isto, introduz-se uma grande densidade de indivíduos em incubadoras (ou outro recipiente) e o estresse causado é suficiente para o desprendimento dos cistos. Ficou também evidenciado que o ciclo de vida das branchonetas nos viveiros de alevinagem é de aproximadamente 60 dias, período correspondente ao de alevinagem de várias espécies de peixes carnívoros. A branchoneta não é um animal exigente. Em um ensaio para produção de adultos em um viveiro, seu ciclo vital foi completado nos moldes anteriormente descritos e, em termos médios, os seguintes parâmetros ambientais foram registrados: temperatura 25,5 0C, pH 7,3 e oxigênio dissolvido 2,78 mg/l.
RESULTADOS OBTIDOS
Ao estudar-se o emprego da branchoneta, comparativamente com rações ou peixes triturados na dieta de três espécies de peixes carnívoros, tucunaré (Cichla ocellaris) , apaiari (Astronotus ocelatus) e niquim (Lophiosilurus alexandri) durante a alevinagem, os resultados obtidos foram significativamente superiores, tanto em crescimento como em sobrevivência. A atração exercida pelo anostraca não só para carnívoros mas para outras espécies, inclusive tilápias, foi também notória e a facilidade de obtenção de cistos, larvas e adultos, tanto em viveiros como em laboratório é observada. Por suas características e seu alto valor protéico, a D. brasiliensis deverá dar uma expressiva contribuição à piscicultura brasileira. Outros testes continuam em andamento na Estação de Piscicultura de Paulo Afonso, objetivando ampliar o grau de conhecimento sobre a espécie e sobre sua utilização em piscicultura. Uma delas seria sua incorporação a rações.
2 comentários:
vc sabe onde eu encontro uma ampularia azul?
Ótimo artigo. Muito interessante tanto para aquaristas como para piscicultores.
Só não imagino como conseguir algumas branchonetas para iniciar a criação.
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