Quando montamos nosso aquário comunitário (aquele com espécies diversas, e de diversas procedências, vivendo em harmonia), perceberemos, observando de maneira mais atenta que cada espécie manifesta uma certa preferência por determinados locais do tanque. Nem todos nadam por todo o aquário: alguns ficam quase o tempo todo "fuçando" o fundo, outros gostam mais do terço médio, e há os que preferem nadar mais junto à superfície. E há, ainda, os que não fazem a menor cerimônia: nadam por toda a parte, sem distinção.
Tal fato talvez não seja tão notado em aquários pequenos, de pouca altura, mas, quando temos uma lâmina d’água acima da cama com uns 35~40 cm ou mais já poderemos perceber as espécies ocupando seus espaços prediletos. Por isso, ao montarmos nosso aquário comunitário de porte médio ou grande devemos observar, além dos critérios da compatibilidade de tamanho, hábitos alimentares, pH, dureza e sociabilidade, também o de hábitos de natação, na hora da escolha dos nossos peixes. Mas, porque nos preocuparmos com esse assunto, a ponto de ser motivo desta matéria?
Em primeiro lugar, pelo aspecto visual: ficaria muito estranho um aquário bem plantado e bem equipado onde os peixes, em sua grande maioria e, na maior parte do tempo, permanecessem nadando quase que no mesmo local. Todo aquarista deseja que seu aquário seja um destaque, onde quer que ele esteja instalado. E o preenchimento de todos os espaços tem um peso grande nesse aspecto.
Em segundo lugar, e o mais importante, temos a questão dos hábitos alimentares: a grande maioria das rações que encontramos nas lojas é do tipo flutuante. Isto tende a criar uma certa dificuldade para algumas espécies que tem preferência pelo fundo do aquário, como o peixe-cobra (Acantophtalmus sp.) e a maioria dos loricarídeos (cascudos): com certeza, eles chagariam mesmo a passar fome se a ração permanecesse boiando, até se estragar. Por outro lado, a presença exclusiva de peixes de superfície acarretaria sérios problemas de equilíbrio biológico: apesar de se alimentarem com facilidade, provocariam a queda de pedacinhos de ração para os níveis mais baixos do aquário, com seus movimentos natatórios e com o boqueamento junto à superfície, que, sem quem os coma, apodreceriam no fundo, causando todos os problemas que já nos são conhecidos.
Daí a necessidade de selecionarmos grupos de espécies par
a todos os níveis do tanque. Além do mais, existem peixes que não fazem qualquer distinção de local para nadar, e devem ser sempre lembrados e cogitados para habitarem nosso aquário comunitário: é o caso da família Poecilidae, onde destacamos os guppies, espadas, platys e molinésias, em primeiro lugar no ranking "Os Grandes Xeretas do Aquários".
Portanto, ao adquirir seus peixes nas lojas, observe-os nos aquários de exposição e identifique seus hábitos natatórios, principalmente se se tratar de espécies desconhecidas. E, para ajudá-lo, faremos uma divisão imaginária do aquário em quatro níveis, como mostra a figura abaixo:
No nível 0 (zero) teríamos aqueles peixes que se arrastam pelo piso do aquário ou se elevam a poucos centímetros dele. No nível 1, os que preferem o terço inferior; e, consequentemente, nos níveis 2 e 3, os que nadam nos terços médio e superior (junto à superfície), respectivamente.
A seguir, uma pequena listagem de peixes bem conhecidos com seus níveis preferenciais, para que você, iniciante, possa ter seu aquário bonito, funcional e "bem freqüentado"!
Para saber mais sobre Miguel Pandini acesse : http://lescanjr.blogspot.com/2008/08/entrevista-com-miguel-pandini-nessa.html
Um comentário:
Poxa é uma ciência...
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