sexta-feira, 1 de abril de 2016

A importância do Oxigênio Dissolvido em nosso Lagos e na Filtragem Biológica



A importância do Oxigênio dissolvido em nosso Lagos e na filtragem biológica:

Aqueles que gostam de pescar de vez em quando (como eu gosto) já se depararam com situações em que o sol está bem forte, a temperatura alta, os peixes bem visíveis na superfície da agua, porém inativos, muitos boquejando na superfície e não beliscando de jeito nenhum. Por que será que isso acontece?

Resposta: Falta de oxigênio dissolvido  na água  por conta de altas temperaturas, alta carga orgânica, profusão de algas  e baixa pressão atmosférica.

Aquilo que chamamos vulgarmente de “ar que respiramos” ou até mesmo de oxigênio é na verdade um composto que de oxigênio puro leva apenas 21%, sendo o restante basicamente nitrogênio. Essa é mais uma razão pela qual a incorporação de oxigênio à água não é tarefa das mais fáceis, além de diversos fatores que veremos a seguir."

Uma das causas mais comuns para a mortalidade de peixes é a baixa concentração de oxigênio dissolvido nos corpos aquáticos, principalmente em se tratando de carpas por serem peixes de água fria, tal qual as trutas e os salmões. Conforme podemos perceber pela tabela abaixo, quanto menor a temperatura, maior a solubidade (incorporação) do oxigênio na água e veremos a seguir como isso é vital para a saúde dos peixes e o pleno equilíbrio de nossos sistemas aquáticos.



Entendendo a Pressão Atmosférica - Lembramos também que quanto maior a altitude, ou seja, quanto mais acima do nível do mar estivermos, menor será a pressão atmosférica e pressões atmosféricas baixas diminuem a incorporação de oxigênio na água e até mesmo em nossos pulmões – basta lembrarmos o mal estar por falta de oxigênio que sentimos quando estamos em grandes altitudes – peixes não são tão diferentes. Variações grandes de temperatura provocam massas de ar que interferem diretamente na pressão atmosférica e por essa razão a pressão atmosférica também interfere nas pescarias por provocar certa inatividade dos peixes que procuram se adequar à falta de oxigênio, principalmente em dias muito quentes.

O valor mínimo de oxigênio dissolvido (OD) para a preservação da vida aquática, estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05(2) é de 5,0 mg/L, mas existe uma variação na tolerância de espécie para espécie.

Segundo o Sr. Tanabe, respeitável criador de Nishikigois no Brasil e profundo conhecedor do assunto o oxigênio dissolvido na água é totalmente vital para a saúde dos peixes e é também o responsável por grande parte da perda de exemplares.
Percebemos aí a importância da aeração dos lagos por compressores via pedra porosa, onde quando menores forem as bolhas, maior a incorporação de oxigênio, bem como da importância da existência de zonas de turbulência como cascatas e bombas de movimentação. Vale ressaltar também a importância do teste de O2 dissolvido, que muita gente não dá importância.
Outro fator a se considerar é que a salinidade, não só de Nacl (cloreto de sódio = sal comum) que normalmente usamos em nosso lagos no combate e prevenção de doenças (se for usar escolha sempre sem iodo), mas também os compostos nitrogenados (Amônia, Nitrito e Nitrato) também interferem na dissolução ou preservação de bons teores de oxigênio dissolvido no lago.
O Sr Tanabe estabelece ainda, em suas considerações, que a medida ideal de O2 dissolvido (OD) para a criação e manutenção de Nishikigois obedece à tabela abaixo, sendo que, abaixo disso os peixes estarão apenas sobrevivendo
Carpas Nishikigoi
OD ideal         >      10 PPM       (PPM = partes por milhão)
OD bom          >        8 PPM
OD aceitável   >         6 PPM
Alerta também que águas subterrâneas podem ser pobres em oxigênio devendo ser aeradas ou substituídas de forma gradual no lago. Lembramos também que algumas águas subterrâneas possuem alta concentração de CO2 que costuma acidificar bastante a água, podendo ocorrer choque de pH. No entanto se a reserva alcalina da água (KH) não for muito alta conseguimos desprender o CO2 por simples agitação (compressor e pedra porosa) ou mesmo pelo movimento de uma boa cascata, que restabelecerá o PH desejável da água - preferencialmente em 7,5). Vejamos aí a importância também de um bom teste de PH e KH.

Na tabela abaixo vemos a quantidade máxima de O2 que pode ser dissolvido na água (níveis de saturação) que cai conforme o aumento da temperatura. Por essa tabela fica clara a importância de aerarmos o nosso lago ao máximo que pudermos, tendo-se em vista que esses números falam de saturação de oxigênio e não de níveis normais obtidos por simples movimentação de água, considerando-se ainda os níveis recomendados pelo Sr. Tanabe:



A partir daí não há como não falarmos da filtragem biológica, que é a alma da manutenção, saúde e beleza de nosso lagos. Quando falamos sobre filtragem biológica falamos sobre bactérias que atuam na oxidação e decomposição de matéria orgânica e para ficar mais fácil a explicação iremos dividi-las em 3 grupos :
1 grupo – bactérias anaeróbicas – atuam em meio anóxico (sem oxigênio) e na ausência de oxigênio dissolvido na água quebram o nitrato (NO3) num processo chamado desnitrificação  para conseguirem o oxigênio que necessitam liberando N2 (nitrogênio gasoso) .Bastante utilizados pelos aquaristas marinhos e imortalizadas pelo sistema Jaubert ou Plenum  são de grande auxilio também no controle de algas por diminuírem o nitrato que é uma das principais fontes de alimentos para algas . Em lagos poderemos encontra-las principalmente após o segundo centímetro do substrato (areia de fundo) em zonas anóxicas. Também são responsáveis por produzirem gases de cheiro desagradável tais como sulfeto de hidrogênio que algumas vezes podem ser percebidos em formas de bolhas de odor fétido que saem do substrato.
2 grupo – Bactérias facultativas – Também são denitrificantes. A diferença é que essas bactérias podem ou não usar oxigênio para realizar o processo de denitrificação e precisam de uma fonte de oxigênio (doador de elétrons) e um composto orgânico, geralmente açúcares e derivados, que será a ponte para os elétrons no processo de obtenção de energia do organismo.  Na falta de oxigênio, tal qual o primeiro grupo de bactérias, ela usa o oxigênio presente no nitrato (NO3) e na falta deste o nitrito (NO2), podendo usar até o sulfato (SO4---) e assim por diante sempre visando um menor uso de energia possível no cumprimento de seu trabalho. Atuam em zonas hipóxicas onde a quantidade de oxigênio dissolvido é insignificante e algumas vezes até ausente. Em geral, após o primeiro centímetro do substrato. Notem que esse substrato é composto por uma areia fina de granulometria compatível com a finalidade. Em aquários marinhos os grãos de substrato para essa finalidade possuem formato oolitico a fim de não gerarem uma densa compactação.
3 grupo – aeróbicas – conforme o próprio nome diz são bactérias que necessitam de oxigênio para desempenhar suas funções. O objetivo de tais bactérias, ditas Nitrificantes é transformar compostos nitrogenados (amônia em nitrito) que são extremamente tóxicos a toda vida aquática e o No2 em um terceiro composto chamado nitrato. Vale lembrar que a amônia é muito mais tóxica em PHs altos (o que é muito comum em nossos lagos) devido à existência de algas, tendo em vista que como essas fazem fotossíntese, fatalmente consomem CO2 durante o dia produzindo oxigênio. Esse CO2 consumido obviamente sai da água, tornando-a alcalina, tendo em vista que o CO2 (gás carbônico) é uma substância altamente acidificante. Por essa razão aquaristas que possuem aquários plantados com injeção de CO2 monitoram constantemente o PH e mantém uma reserva alcalina relativamente alta (reserva alcalina = KH = alcalinidade = capacidade tampão de manter um PH estável), pois se não fizessem isso teriam um PH absurdamente ácido e é sabido que em PHS abaixo de 5 praticamente não existe filtragem biológica por inativação das bactérias nitrificantes.
Já a noite, em lagos com muita alga e baixa reserva alcalina acontece exatamente o contrário: na ausência de luz (sol) as algas deixam de fazer fotossíntese e passam a respirar consumindo oxigênio e produzindo o famigerado CO2 que de dia irá alimenta-las para que aumentem mais ainda. Obviamente que o PH dessa vez irá cair, pois as algas estarão reintroduzindo-o ao meio aquático. Esses choques de PH causados por esse comportamento das algas também ajudam no aumento do stress e diminuição da saúde dos peixes. Agora que já entendemos o papel das algas na produção de oxigênio (de dia) e consumo do mesmo (a noite) podemos entender melhor o porque do fato de que a maior taxa de mortalidade de peixes ocorre a noite  = (ausência ou baixíssimos níveis de oxigênio dissolvido diminuindo a imunidade de uma forma geral).
Dessa forma, podemos voltar ao assunto da filtragem biológica. Não é correta a afirmação de que climas quentes e altas temperaturas são boas para o desempenho do filtro biológico e vou explicar o porquê disso. Embora bactérias nitrificantes possam ter uma aceleração em seu metabolismo no sentido de multiplicarem-se mais em altas temperaturas, como já vimos, isso apenas não adianta, pois tais bactérias necessitam e consomem grandes quantidades de oxigênio para nitrificarem. Se pegarmos uma E.T.A. (Estação de Tratamento de água) de tamanho considerável, que são os filtros utilizados em grandes lagos, como essa que está abaixo, que mede cerca de 12 x 3 metros com 1,80 m de profundidade e medirmos a concentração de oxigênio dissolvido (OD) na entrada e saída da mesma, após a atuação das bactérias nitrificantes, veremos uma queda  de OD causada pelo consumo de oxigênio realizado por tais bactérias ao nitrificar (transformar amônia em nitrito e nitrito em nitrato) .
Obs : a ETA ou qualquer outro tipo de filtro biológico deve possuir tampa, pois as bactérias apreciam ambientes escuros.


Lembramos ainda que PH e temperatura altas tornam a amônia muito mais tóxica e letal. Veja a tabela abaixo onde o verde é aceitável, amarelo preocupante e vermelho letal.Perceba por exemplo que em um PH em torno de 8 com temperatura de 28 graus apenas 1 ppm de amônia já se torna letal. Notaram a influência da temperatura e do PH na toxicidade da amônia? Dessa forma percebemos que com temperaturas altas e pouco oxigênio dissolvido as concentrações de compostos nitrogenados como a amônia tornam-se letais e preocupantes e que é necessário que entendamos alguns conceitos básicos de química de água para que possamos nos aprofundar cada vez mais em assuntos pertinentes à filtragem biológica, por exemplo.
Lembrando ainda que outra forma extremamente eficiente de agregar oxigênio à água é através do uso de ozonizadores que ainda são uma novidade em termos de lagos ornamental.
O interessante é que mesmo quando não utilizado (oxidando moléculas orgânicas) o ozônio após 20 minutos se decompõe em oxigênio até o ponto de saturação do mesmo na água, tornando-a cristalina e cintilante e cheia de oxigênio, que é o que todos nós queremos. Mas deixarei esse assunto de ozônio para outra ocasião, uma vez que não é o objetivo desse tópico.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

日本庭園 Jardim Japonês: JARDIM DE CERIMÔNIA DO CHÁ (ROJI)

日本庭園 Jardim Japonês: JARDIM DE CERIMÔNIA DO CHÁ (ROJI): Beber c há é um costume que foi introduzido no Japão no século IX, inicialmente de forma medicinal. Nessa época, o chá era considera...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

sábado, 7 de janeiro de 2012

A História dos Jardins Japoneses

Não há dúvida de que os japoneses têm um extraordinário senso de estética. Isto é evidente a partir de seus tradicionais e coloridos kimonos de seda, sua tendência em design de roupas modernas, as artes teatrais estilizadas de Kabuki, Noh e Bunraku e seus arranjos elegantes e simples, tais como o ikebana floral. 
Mas talvez esse sentido de estética não seja mais evidente em qualquer outra forma de arte, quando o assunto  é jardim japonês. A abordagem simples e minimalista, embora pareça restritiva em espaços compactos, desmente essa impressão com  resultados graciosos, fazendo do jardim japonês um lugar perfeito para contemplar a "existência da natureza" e a "natureza da existência". 
Para o visitante casual, um jardim japonês pode parecer apenas "um lugar bonito". Mas com apenas um estudo rudimentar, seus aspectos mais secretos são revelados, proporcionando uma apreciação mais completa do todo.
Jardins japoneses estão enraizados em duas tradições: uma tradição, nativa e pré-histórica em que trechos de floresta de cascalho ou praias de pedrinhas foram dedicados aos Espíritos da Natureza e uma tradição da China, que incluía elementos como lagos, riachos, cachoeiras, composições em pedra e uma imensa variedade de vegetação.Vamos nessa abordagem traçar o desenvolvimento e a mistura dessas duas tradições, bem como a inclusão de novas funcionalidades que permitiram aos jardins japoneses alcançar novos patamares de sofisticação.


Pré-histórico                                                                                 

O elemento precursor do jardim japonês foram as zonas santificadas - "os solos sagrados" -  claramente distintos do espaço normal ao seu redor por serem formalmente demarcados e respeitados. Estas áreas eram simples agrupamentos de pedrinhas (cascalho) , criados para cerimônias em honra aos espíritos que acreditava-se terem vindo do céu ou do outro lado do mar. Esses agrupamentos de pedrinhas, mais tarde evoluíram para os pátios de cascalho associados com casas de lideres religiosos e santuários xintoístas.

Nara Período (645-794)

Projetos de jardins formais foram introduzidos da China junto com o Budismo no século VII. As principais características destes jardins incluíam um lago com ilhas e agrupamentos de rochas.Estes jardins foram fortemente influenciados por seus protótipos chineses. Os jardins da Era Nara não existem mais, mas algumas pinturas ilustram sua concepção. Escavações recentes desenterraram perto de Nara uma prova da existência de um jardim com estilo de rio. Este estilo de jardim, caracterizado por um córrego sinuoso, permeado por afloramentos rochosos que culminavam ao final do seu curso em um lago. Nessa época, os jardins orientais desempenhavam um papel secular. A nobreza, com a ajuda de artesãos e jardineiros, construía elegantes jardins que caracterizavam ambientes para prazeres refinados.Muitas vezes, extensos em tamanho, estes jardins  demonstravam que a arte do projeto de jardim japonês já havia alcançado um nível de sofisticação admirável.

Período Heian (794-1185)

Como o contato e a influência chinesa foi limitada durante este tempo, o projeto dos jardins japoneses evoluiu de acordo com os gostos e valores da cultura japonesa, . Os  lagos que eram  inicialmente um componente menor, eventualmente tornavam-se uma característica dominante. Muitos lagos de jardim foram usados ​​para navegação de recreio em barcos com estilo chinês.                                                                                                                                  Jardins foram construídos em torno dos edifícios da corte imperial pelos aristocratas. Os jardins representavam o Paraíso e as delícias da vida na corte, principalmente para aqueles que ficavam do lado de fora. Os componentes dos jardins serviram tanto para fins funcionais e ostensivos quanto simbólicos. Rochas, árvores e plantas podem ajudar a apoiar um banco de barro. Mas, ao mesmo tempo, uma pedra, um conjunto de plantas ou uma ilha podem trazaer significados baseados nas lendas e simbologias existentes naquela época. Por exemplo, uma ilha em forma de tartaruga simbolizaria uma vida longa. Agrupamentos de rochas e plantas poderiam evocar referências poéticas para lugares famosos do Japão, como Matshushima. Para o observador culto, conhecedor de literatura e filosofia, os jardins eram um portal para lugares reais e míticos, bem como lugares distantes e próximos.                                                                                                                                        Durante o século XI, uma compilação de princípios de jardinagem apareceu na forma de um livro chamado Sakuteiki. O Sakuteiki é o mais antigo documento escrito conhecido sobre  jardinagem no Japão, contendo técnicas de jardinagem para constituir lugares que visavam o deleite da aristocracia do Japão.

Período Kamakura (1185-1333)

Duas doutrinas dominaram o período Kamakura, o culto aos Samurais e o crescimento do Zen Budismo como uma doutrina de orientação para monges e guerreiros. O Zen Budismo exerceu profunda influência  sobre as artes e a cultura japonesa, bem como as nobres técnicas de jardinagem  também se renderam à influência Zen.

Jardins evoluíram de área de lazer para alguns privilegiados até o status de algo mais profundo e significativo. O Pensamento Zen propôs o jardim como um auxílio à meditação - um ambiente de interiorização e meditação. Inicialmente, durante o início do Período Kamakura, os jardins ainda apresentavam muitas características construtivas do Período Heian, no entanto, ao longo do tempo, os jardins começaram a refletir diversas mudanças, impulsionadas pelo pensamento Zen. Um bom exemplo disso é o jardim de Tenryu-ji, construído em 1270. Este jardim inclui um grande lago situado no sopé de uma colina consistente com o estilo das Cortes  Heian. No entanto, os afloramentos de rochas ao redor da lagoa são decididamente mais verticais do que seus antecessores que buscavam a horizontalidade.                                                                       Durante o período Kamakura, a corte imperial perdeu popularidade, devido à sua baixa popularidade junto ás camadas mais pobres e deu lugar à nova classe guerreira (os Samurais). O Zen ensina uma filosofia de austeridade, com desejos simples e metódicos, onde a opulência da antiga nobreza pouco importava. A impotência da corte imperial em Kyoto representou claramente a fraqueza criada por sua própria extravagância e ostentação. Em consonância com o pensamento Zen, a partir do século 14, o número de materiais utilizados nos jardins diminuiria sensivelmente em comparação aos extravagantes jardins de prazer secular criados pela nobreza da Era Heian. O objetivo principal desses jardins Zen que buscava a simplicidade em seus elementos era o de auxiliar à Meditação.

Período Muromachi (1392-1573)

O período Kamakura viu a ascensão dos clãs Minamoto e Hojo, que estabeleceram um Shogunato em Kamakura, perto de Tóquio. No entanto, devido aos problemas econômicos, as alianças entre facções opostas de políticos e militares e a própria decadência ocorrida dentro desses clãs fez com que perdessem o controle do Japão, pouco tempo depois de tê-lo assumido. E no final do século 14, a base de poder mudou mais uma vez.                                   O clã Ashikaga acabou cedendo o governo Kamakura aos novos governantes que regressaram a Kyoto.Junto com essa mudança de poder,ocorreu outra mudança na estética do jardim. O período Heian, em homenagem às glórias do passado, promoveu o apogeu da arte e da cultura japonesa. Ao mesmo tempo, a simplicidade do jardim Zen atingiu o seu auge. A evolução e a popularidade resultantes da cerimônia do chá influenciaram na existência de jardins que configuraram-se em verdadeiros  retiros do mundo cotidiano. Se restrito a rochas e areia, ou com direito a maiores ostentações em seus elementos, os jardins do período  Muromachi produziram algumas das formas mais originais de jardins de todos os tempos, incluindo os jardins passeio, os jardins secos e os jardins de chá.


Os Jardins de Passeio
Enquanto que os Jardins Zen eram projetados para facilitar a meditação, obrigavam o observador comum a permanecer do lado de fora do jardim. Os novos Jardins de Passeio Muromachi,  eram muito mais  parecidos com seus antecessores do período Heian, voltando a trazer os telespectadores para o jardim em si, em vez de confiná-los a uma simples varanda. O Jardim Muromachi não deveria ser observado de um único ponto e sim explorado, atravessado, inalado, ouvido e apreciado de muitas maneiras diferentes.Juntamente com as paisagens ricamente plantadas, este projeto surgiu como uma forma de jardim principal. Dois dos melhores exemplos de  jardim do período Muromachi são Kinkaku-ji (Pavilhão de Ouro) e Ginkaku-ji (Pavilhão Prateado).
Os Jardins Secos (ou Jardim Zen)
Em contraste com a diversidade de materiais empregados nos jardins de passeio, encontraremos a simplicidade do jardim Zen seco. Enquanto os jardins secos já existiam anteriormente, ao longo dos séculos, muitos dos jardins hoje considerados os melhores representantes da estética Zen, são um produto desse período.
Ryoan-ji
Ryoan-ji
Durante este período, muitas ordens  religiosas estenderam seu tamanho e influência, agrupando várias sub-templos sob a jurisdição de um abade único. Os recintos murados eram normalmente pequenos, com pouco ou nenhum espaço para o crescimento. Embora o espaço para jardins fosse pequeno, poucas formas de jardim  podem rivalizar com o jardim seco, por seu senso de universalidade entre quatro paredes. Ryoan-ji e Daisen-in (um templo de sub-Daitoku-ji), são os principais representantes deste tipo com a sua areia/cascalho precisamente delineada  e pedras agrupadas de forma dinâmica e intrigante.

Tea Gardens

Acompanhando a crescente popularidade da cerimônia do chá, desenvolveu-se um jardim com vistas a aprimorar essa experiência. A princípio, apenas um quarto de uma casa ou templo foi dedicado à cerimônia, mas com o tempo esse quarto tornou-se uma casa isolada. O jardim de chá, ou roji, diferia de outros jardins na medida em que conduzia ao ritual do chá. Era portanto um veículo que transmitia mais do que uma paisagem elaborada, por si só. O roji conduzia os convidados, após um dia de trabalho à cerimônia do Chá. Esse jardim apresenta conceitos  mais formais e elaborados, que revelam a complexidade da aparente simplicidade de elementos estruturais, que conduzem os convidados à Casa de Chá.

Do período Edo (1600-1868)

O Período Edo marcou outro estilo de governo, que dessa vez, ao contrário de outros governos militares, chegava para ficar. Depois de um Japão unificado, Tokugawa Ieyasu e seus sucessores promulgaram leis, formas de política e cultura que consolidaram definitivamente o seu controle sobre o Japão. Eles criaram uma organização social semelhante a dos antigos senhores feudais do Japão.                                                                                                                                               Mais uma vez, os designers de jardins do período Edo viraram um olho para o passado.Usando o período Heian e seus jardins paradisíacos como base, os jardins do período Edo mantiveram a tendência de envolver os participantes no jardim, enquanto que algumas vezes, manipulavam os participantes usando novas técnicas criando os efeitos desejados, incluindo abordagens diagonais, a técnica de "esconder e revelar" e shakkei ( a técnica de tomar emprestado um cenário fora dos limites do jardim).

Abordagens Diagonal

Ao contrário dos componentes de um jardim ocidental, que são abordados frontalmente, os componentes do jardim japonês deste período foram abordados obliquamente, ou na diagonal.Quando vistos dessa forma, dentro do jardim, os componentes parecem menos um destino e mais uma característica da paisagem. O jardim de Versalhes, criado durante este período, é um exemplo de projeto do jardim usando linhas retas e geometria exata ao extremo.Este estilo de jardim manifestou o poder do rei sobre a Natureza e as pessoas. O modelo da Natureza nos jardins japoneses desta época foi a própria Natureza.


Esconder e Revelar

Esconder e revelar a atenção fixa sobre um item como um estágio em procissão contínua.Ao invés de seguir uma linha reta, o caminho vira; primeiro à esquerda para apreciar uma árvore, depois a direita para vislumbrar um agrupamento de rochas que termina num lago espraiado. Uma colocação irregular de pedras  no caminho obriga os convidados a olharem para baixo para verem os seus passos. E quando eles olham para cima, uma nova visão se desdobra.Montanhas, cercas ou árvores e outros itens que propositalmente foram adicionados ao jardim para bloquear a visão de uma determinada área do referido jardim até que o observador se mude para o ponto de visualização seguinte.


Cenário Shakkei ou Emprestado

Shakkei, ou Cenário Emprestado,foi usado durante o período Edo, com resultados dramáticos, apesar de sua base enganosamente simples. O jardim ocupa o primeiro plano da vista. Cercas podem surgir repentinamente no solo obstruindo a visão de uma casa ou outras características inadequadas a fim de efetuar uma transição suave do primeiro plano para os recursos do fundo. O pano de fundo distante é incorporado ao projeto do jardim quase como se tivesse sido criado para esse fim exclusivo, fazendo o jardim parecer maior. Em outras palavras, os designers do  jardim japonês utilizavam a perspectiva, assim como os pintores do Renascimento na Europa.


Tempos Modernos  
Depois da guerra, os programas 

governamentais foram
criados para reconstruir a indústria e a 

habitação, deixando
pouco financiamento para fins recreativos. 

Designers de
jardim do pós guerra, tinham poucos materiais para trabalhar.
Mas muitos fizeram o melhor que podiam em cada situação.
Um exemplo perfeito disso é a Tofuku-ji.
fonte: www.samuraitours.com
Posted on October 21st, 2011 by mike

A seguir, baseados nos conceitos de Iwagumi (antiga arte
oriental de colocação de pedras em jardins japoneses), que
atualmente também é utilizada por Aquaristas experientes
que seguem o estilo Nature Aquarium, postamos algumas
imagens que demonstram  diversas formações 

rochosas utilizadas durante o processo de formação 

e crescimento
da técnica de montagem de Jardins Japoneses.
fonte das imagens - domínio comum - Internet


Material traduzido e adaptado por Aquablog.

Espero que tenham gostado.

Seu Editor Aquablog.





O Jardim Japonês e seus Significados

Efeitos estéticos repletos de significados, num lugar onde reinam a paz e a harmonia, integrando o homem ao universo através das formas da natureza. Plenos de mensagens, os jardins japoneses expressam a eterna busca da perenidade, convidam à reflexão e estimulam a espiritualidade. 

Jardim Japonês - Pesqueiro Maeda - Itú - SP - Brasil - foto de Chantal Vagner

Seus preceitos orientam o povo do Sol Nascente e a cada dia ganham espaço nas residências ocidentais. Executados em grandes áreas, ou até mesmo em cantinhos restritos, os jardins japoneses abrigam setores ligados entre si, cheios de simbologias e princípios filosóficos baseados no conceito de Yin (feminino) e Yang (masculino). 
Miyazu Japanese Garden - fonte: travelblog.org

De visual leve e preciso, combina com arte, plantas, pedras, água e a luz do sol, sugerindo repouso e meditação. O ponto de partida é reproduzir a natureza, miniaturizando seus elementos, seja pela disposição das plantas, seja pelas formas de pedras e lagos. 
Logo à entrada, mesmo em um pequeno canteiro, estão contidas diversas representações. 
As plantas com flores perfumadas, como pitospóros e magnólias, simbolizam o irashai (seja bem-vindo). 

Pittosporum tobria - fonte: ag.arizona.edu 
Magnólia kobus - fonte: http://www.colormagicphotography.com


Afastando os "maus espíritos" as nandinas, que evitam a proliferação de bactérias, são geralmente colocadas a sudoeste, onde há maior umidade. 


Para completar o cenário, aparece a família, encarnada por pedras ou plantas. Uma pedra grande ou um pinus pode ser o mestre do jardim, representando o pai. Ao lado, uma pedra menor ou uma azaléia simboliza a mãe. Os filhos aparecem nos bambus plantados bem próximos aos dois. Se houver espaço, é possível que parentes próximos e amigos estejam presentes nos talos da ráfis. 
Jardim Japonês Edogawa - Sydney - Austrália - fonte:http://www.sydneycharterbus.com.au/index.php?p=1_72

Pinheiros maiores, que agem como guardiões da casa, protegem a família toda. Um corredor cercado por heras e podocarpus saúda os visitantes bem-vindos, que caminham sobre pedras irregulares formando uma linha sinuosa. O percurso deve ser feito lentamente, para uma observação demorada de cada elemento. O objetivo é isolar o mundo exterior, favorecendo a interiorização.
Pinheiros - Jardins Japoneses   fonte: http://www.japanesegardensinnewyorkandnewjersey.com
O fim do corredor é marcado por uma pedra côncava que abriga a água corrente que passa por ela, anunciando a proximidade do interior do jardim e convidando os visitantes a lavar as mãos: os maus espíritos não resistem à força da água.
 Tsukubai (bacia para lavar as mãos Jardim Japonês)   fonte: www.visualphotos.com


Recoberto com zoyzia (grama japonesa), íris e dicondra, o chão se compõe de relevos e nuanças. O efeito provocado pelo conjunto é sinestésico. Essa atmosfera anula as tensões e permite ao visitante do jardim desfrutar da companhia da família que o hospeda, já retratada pelos símbolos. Detalhe: quando o pai for representado pelo pinus, este deve apresentar torções dos galhos, obtidas com podas. O importante é manter o pai sempre em evidência, num local ensolarado.
Saiho-Ji - Kyoto - Japão  fonte: http://photos.gardenweb.com

A ambientação conta ainda com as lanternas japonesas, chamadas toro, feitas com cimento, granito ou entalhadas em pedras. A colocação deve obedecer à disposição triangular, formando os pontos chin (mestre), soe (terra) e tal (céu), representando a trindade. Essa simbologia pode aparecer com pedras ou plantas também. A representação da sagrada torre de pedra, o gorin-no-to, que simboliza o céu, o vento, o fogo, a água e a terra, serviu para o desenvolvimento do desenho do toro e de outras formações com pedras, onde a base retangular representa a terra, o triângulo o céu e o círculo, entre os dois, o homem. Os antepassados também aparecem no jardim japonês, nos troncos de árvores fincados à beira da água, que corre para formar um tanque com carpas, que, com seu intenso colorido, traduzem a sorte e a felicidade. 

Torô ou lanterna de pedra - fonte: www.yourdiscovery.com    Credits: Nature's Best Photography

O tanque, que representa o mar interior, se localiza no centro do jardim. Para abastecê-lo, a água corrente vem de uma cascata que fica no leste, no oriente. O escoamento é feito para o oeste, ocidente, para onde são levadas as impurezas. Pontes devem aparecer sobre a água, refletindo a busca de caminhos superiores, acima de todas as coisas.

Jardim Japonês Maeda - Itú - SP - Brasil - Ponte, cascata e Nishikigois - foto: Chantal Wagner

Outra figura simbólica importante é a representação em pedras ou terra do monte Sumeru, o centro do mundo, segundo a tradição budista. Um fator a ser levado em consideração é o uso de plantas de crescimento lento, para que o jardim permaneça com a mesma aparência, numa demonstração de perenidade, como se ele estivesse ali há milênios.


Meijetsu-in Temple Kamakura - Representação do Monte Sumeru (o centro do Mundo) - fonte: wikipedia

Algumas plantas devem ser evitadas nesse jardim, segundo a tradição japonesa. Por ter flores que caem inteiras, significando cabeças decepadas, a camélia não aparece nas casas dos samurais. A cerejeira, árvore-símbolo do Japão, também fica ausente, pois suas folhas caem facilmente, representando perdas e modificando visualmente o espaço. Mas nada impede que sejam plantadas do lado de fora da entrada do jardim.


Camelia japonica fonte:  http://ameliapalmela.webnode.com
Todo o espaço, quando necessário, pode receber cercas de bambu com amarrações. Altas ou baixas, fechadas ou com frestas, elas protegem de forma harmoniosa, sem se chocar com a ambientação.


Credits: By Jim Grandy - www.thebambooman.com
As pedras têm grande importância nos jardins japoneses, nos quais são usadas às toneladas. Os formatos mais comuns são os arredondados, sugerindo a ação de desgaste pelo tempo. Dispostas de forma casual, compondo montes ou trilhas, as rochas foram utilizadas pelos monges japoneses para compor todo o jardim, abolindo o uso das plantas. Esses jardins compostos apenas por pedras são típicos de mosteiros Zen e Xintoístas, e exploram uma combinação de matizes e formas minerais.
Karesansui - Traditional Japanese Garden with rocks, pablles and Sand   fonte: http://dreamfuninterior.com

créditos do artigo:  http://www.paisagismobrasil.com.br

Espero que tenham gostado.

Seu Editor Aquablog.